Alguns dos argumentos usados pelos que defenderam a redução são até interessantes, mas na minha visão são inconsistentes. Disseram que atualmente os jovens têm muito mais acesso à informação e portanto têm mais capacidade de discernir o que certo e errado. De fato não dá pra contestar que vivemos na era da informação, mas aí me suscitam algumas questões. Será que o maior contingente dos jovens que vivem nas favelas e que pelas circunstâncias são mais propensos a se tornarem os chamados "jovens infratores", têm realmente acesso à informação e se têm, que informação é essa? Qual a qualidade da informação que lhe é colocada à disposição? Já que até mesmo para quem tem uma base familiar e social bem estruturada, nos dias de hoje, é um grande desafio para jovens e adultos filtrar as informações que chegam sobretudo via internet.
Outro argumento apresentado pelos que, no programa defendiam a redução da maioridade, é o fato de que a definição da maioridade no Brasil foi formulada a muito tempo, num contexto que não condiz mais com a realidade que vivemos, dado que os jovens estão mais maduros e por, de novo, terem mais acesso à informação. Reitero que na minha visão, informação não garente maturidade. A própria internet é um bom exemplo do que estou dizendo, ela nos deu amplo e ilimitado acesso a todo tipo de informação, boa e ruim, de receita de bolo à receita de bomba.
Não vou nem comentar sobre o que disse o deputado Jair Bolsonaro, sobre esse tema, pois quem entre outras coisas defende a ditadura e acha que os "militares mataram pouco", não me parece disposto a discutir o assunto numa perspectiva mais ampla, com vistas aos aspectos sociais que envolvem este assunto.
A questão me parece muito clara, acredito firmimente que só depois que o Estado tomar medidas fortes no sentido de cumprir suas obrigações de cuidado e proteção especialmente para com os jovens, é que poderemos sim discutir medidas punitivas para aqueles que cometem delitos. O que deve ser debatido na verdade, é o que fazer e como fazer para dar estrutura social aos jovens, sobretudo aos adolescentes, foco dessa discussão. Concordo plenamente com o ponto de vista de Marcelo Gavião, presidente da União da Juventude Socialista, o que é preciso colocar em pauta é qual o projeto que o Estado, e eu incluo também a sociedade, têm para a juventude?
O que precisamos entender é que agindo hoje no sentido de zelar pelos nossos jovens, preparando-os para o amanhã, garantiremos além de tudo, presídios mais vazios no futuro. Temos por todo país vários exemplos de ações que envolvem Estado e sociedade, em conjunto ou separadamente, que deram novas perspectivas para jovens Brasil à fora. Não há dúvidas que esse é o caminho e não há dúvidas da nossa responsabilidade nesse processo, que começa na hora de escolhermos quem nos representará no Congresso e nas Assembléias Legislativas de todo o país. Novamente a oportunidade estará em nossas em 2010, os acontecimento recentes no Senado nos apontam a necessidade de maior zelo com as nossas escolhas.
Um abraço!
Um comentário:
Totalmente a favor da redução da maioridade penal e sexual para 14 anos.
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