quinta-feira, 23 de julho de 2009

E depois da crise? Tudo será como antes?

A crise financeira que estremeceu o mundo no final de 2008 começa a dar sinais de arrefecimento. Os governos como pudemos ver, agiram rápido injetando trilhões de dólares para garantir a geração de crédito e com isso todos vislumbram retomadas pontuais nos níveis de consumo, que poderão contagiar as economias mundo afora e recolocar os mercados novamente em rota de crescimento.

Está mais do que claro que estas intervenções foram acertadas. Foi preciso de fato, tomar medidas enérgicas a fim de minimizar os impactos da crise, tentar salvar empregos, evitar um turbilhão de falências ainda maior do que aquilo vimos nos momentos mais críticos da crise.

Porém, agora que as coisas ainda que timidamente, começam a tomar os seus lugares, não podemos perder de vista uma reflexão ainda pouco comentada por analistas econômicos, políticos, por formadores de opinião, enfim, pelas pessoas que ou fazem parte diretamente da solução do problema, ou podem de alguma forma influenciar as tomadas de decisão daqui por diante.

É sabido por todos que o modelo de consumo norte americano, muito admirado e copiado por outros países, onde se criou a bem da verdade uma falsa prosperidade, uma impressão equivocada de poder de compra, que desabou feito um castelo de cartas, aliado a atuação do mercado financeiro mundial, que apoiado na globalização, acabou gerando um verdadeiro "second life" de operações que pra variar favoreceram poucos em detrimento do infortúnio de muitos. E o mais grave, é que boa parte daqueles que pagaram ou estão pagando o preço da crise, sequer têm idéia ou participação no que os “grandes” estrategistas financeiros de Wall Street fizeram ao longo dos últimos anos. De forma arrogante e gananciosa agiram como senhores da razão, com o objetivo único de obter ganhos altos e rápidos, a qualquer preço, sem se preocuparem com as conseqüências das suas ações.

Independentemente de estarmos chegando ao final da crise, é importante trazer ao debate um novo modelo econômico mundial. É imperativo refletirmos e discutirmos com responsabilidade o que nós queremos para nós e para o futuro do planeta. Até porque as conseqüências do que temos vivido hoje, além de tudo, e o que é ainda mais grave, têm impacto direto no meio ambiente, e não dá mais para fechar os olhos, adiar decisões e mudanças de postura quanto a esta questão.

A boa notícia é que pouco a pouco, pessoas de peso nas decisões mundiais vão pelo menos mudando o discurso e ponderando sobre a importância de uma nova estrutura de crescimento, que preserve e respeite os limites do planeta Terra.

Aos países ricos cabe se adaptarem a menores níveis de consumo e conseqüentemente de poluição. Aos países pobres ou em desenvolvimento, não se concebe o discurso irresponsável de que agora é a sua vez de crescer e portanto, têm menos responsabilidade na tarefa de cuidar do mundo em que vivemos. A todos, demanda a obrigação de novas políticas ambientais, que passem desde ações de fiscalização e punição a quem polui e desmata, até a investimentos em novas tecnologias que favoreçam o crescimento sustentável.
Abraço!

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Redução da Maioridade Penal. Solução?

Assisti ontem ao Debate MTV que trouxe como tema a questão da redução ou não da maioridade penal para 16 anos.

Alguns dos argumentos usados pelos que defenderam a redução são até interessantes, mas na minha visão são inconsistentes. Disseram que atualmente os jovens têm muito mais acesso à informação e portanto têm mais capacidade de discernir o que certo e errado. De fato não dá pra contestar que vivemos na era da informação, mas aí me suscitam algumas questões. Será que o maior contingente dos jovens que vivem nas favelas e que pelas circunstâncias são mais propensos a se tornarem os chamados "jovens infratores", têm realmente acesso à informação e se têm, que informação é essa? Qual a qualidade da informação que lhe é colocada à disposição? Já que até mesmo para quem tem uma base familiar e social bem estruturada, nos dias de hoje, é um grande desafio para jovens e adultos filtrar as informações que chegam sobretudo via internet.

Outro argumento apresentado pelos que, no programa defendiam a redução da maioridade, é o fato de que a definição da maioridade no Brasil foi formulada a muito tempo, num contexto que não condiz mais com a realidade que vivemos, dado que os jovens estão mais maduros e por, de novo, terem mais acesso à informação. Reitero que na minha visão, informação não garente maturidade. A própria internet é um bom exemplo do que estou dizendo, ela nos deu amplo e ilimitado acesso a todo tipo de informação, boa e ruim, de receita de bolo à receita de bomba.

Não vou nem comentar sobre o que disse o deputado Jair Bolsonaro, sobre esse tema, pois quem entre outras coisas defende a ditadura e acha que os "militares mataram pouco", não me parece disposto a discutir o assunto numa perspectiva mais ampla, com vistas aos aspectos sociais que envolvem este assunto.

A questão me parece muito clara, acredito firmimente que só depois que o Estado tomar medidas fortes no sentido de cumprir suas obrigações de cuidado e proteção especialmente para com os jovens, é que poderemos sim discutir medidas punitivas para aqueles que cometem delitos. O que deve ser debatido na verdade, é o que fazer e como fazer para dar estrutura social aos jovens, sobretudo aos adolescentes, foco dessa discussão. Concordo plenamente com o ponto de vista de Marcelo Gavião, presidente da União da Juventude Socialista, o que é preciso colocar em pauta é qual o projeto que o Estado, e eu incluo também a sociedade, têm para a juventude?

O que precisamos entender é que agindo hoje no sentido de zelar pelos nossos jovens, preparando-os para o amanhã, garantiremos além de tudo, presídios mais vazios no futuro. Temos por todo país vários exemplos de ações que envolvem Estado e sociedade, em conjunto ou separadamente, que deram novas perspectivas para jovens Brasil à fora. Não há dúvidas que esse é o caminho e não há dúvidas da nossa responsabilidade nesse processo, que começa na hora de escolhermos quem nos representará no Congresso e nas Assembléias Legislativas de todo o país. Novamente a oportunidade estará em nossas em 2010, os acontecimento recentes no Senado nos apontam a necessidade de maior zelo com as nossas escolhas.

Um abraço!

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Não temos cara de lixeira

Absurdo total! Não é possível não se indignar com a matéria apresenta ontem no Jornal Nacional da Rede Globo, dando conta de vários containers vindos da europa carregados com lixo.

Essa é mais uma atitude prepotente dos países ditos de primeiro mundo, que se prontificam a apontar nossas mazelas sociais e ambientais a todo instante, mas que não têm o menor pudor em tomar esse tipo de atitude que humilha e revolta ao mesmo tempo. E o pior é que tomando conhecimento de um fato desse, não há como não se intrigar com uma pergunta: há quanto tempo isso acontece?

Sei que é pedir demais, mas uma atitude forte das autoridades diplomáticas do Brasil, deve ser tomada, pois de nada adianta, bucarmos assento no Conselho de Segurança da ONU, participação nos G's por aí à fora e ficarmos engolindo situações desse tipo. Será que dá pro Senado parar de fabricar o seu próprio lixo só por um pouquinho e se posicionar? Aliás esse é outro motivo para protestarmos veementemente contra o descarte europeu, já temos muita coisa para limpar aqui dentro e não dá para cuidar da sujeira dos outros, e quando me refiro à sujeira, é no sentido mais amplo da palavra, literal, subjetivo, figurado, etc., etc.

Porém, é importante entendermos que a obrigação de reagir a essa afronta, cabe à nação brasileira, que não é composta apenas pelo governo ou pelo congresso e organismos oficiais, portanto toda a sociedade deve se manifestar, para que isso não continue acontecendo,nem com o Brasil e tampouco com nenhum outro país. Ninguém merece ser tratado dessa maneira.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

#forasarney

Bom dia!
Li o que o Tico Santa Cruz postou em seu blog hoje e tenho que concordar que foi frustante não termos conseguido alcançar o objetivo proposto pelo movimento criado no twitter nos últimos dias.
É preciso entender que estamos já de algum tempo em meio a uma crise de instituições muito grave. Um legislativo afundado em constantes denúncias de corrupção, clientelismos, um verdadeiro pouco caso com as questões sociais, morais e éticas que deveriam ser premissa na conduta dos nossos representantes na Câmara, no Senado, nas Assembléias Legislativas e nas Câmaras Municipais. De outro lado temos um judiciário maculado, em muitas oportunidades a serviço de interesses que passam longe do seu dever básico, fazer justiça, o que pressupõe minimamente isenção na conduta de suas ações. Quanto ao executivo e consequentemente ao nosso presidente, é triste constatar que com todas as condições que ele teve, quando assumiu o governo, em promover um desenvolvimento sólido e duradouro, e estou me referindo a desenvolvimento no sentido amplo; político, econômico, social, tecnológico, ambiental, educacional, etc., etc. O que temos é um presidente que coloca seus interesses pessoais à frente dos interesses do país, dos interesses do povo e sobretudo da classe menos favorecida, que tanto ele diz representar. O seu apoio ao Senador José Sarney comprova esse "egopismo político" de Lula, que prefere os discursos populistas e desorientados, em vez das ações fortes e coerentes, presentes na biografia dos estadistas.
Porém, a despeito desse caos, a despeito dos que disseram que foi oportunismo das sub-celebridades e de todas as críticas feitas ao movimento, é hora de termos uma visão mais ampla do momento e das possibilidades. É tempo de perseverar e de pelo menos deixar para as próximas gerações um exemplo de cidadania, de compromisso com o país e com o que desejamos que ele seja, ainda que não vejamos o fruto das nossas ações, que as sementes sejam bem plantadas. Talvez tenhamos que ampliar nossa lista, deixar de dizer apenas #forasarney, mas também #forarenan, #edmarmoreira, e todos aqueles que têm impedido que o país ganhe o rumo de um desenvolvimento justo, verdadeiramente social e sustentável.
Teremos em 2010 uma oportunidade de renovar Assembléias Legislativas, Câmara dos deputados, e uma parte do Senado, portanto o que temos que fazer é começar agora a nos mobilizar, no sentido de conscientizar a todos que democraticamente, podemos dar uma demonstração de que não queremos "mais do mesmo" e que somos nós que ditamos o rumo do país, através das escolhas que fazemos. Pode ser sonho, pode ser que novamente nos frustemos, todavia a consciência de ter se envolvido, de ter dado o exemplo e de termos feito a nossa parte, vale à pena.
Abraço.