Esta crise que acompanhamos hoje envolvendo o Senado Federal, assim como tantas outras que vimos ao longo dos últimos anos, tem alguns estágios que também se repetiram nas turbulências que a precederam:
1º Estágio - Começam a aparecer no noticiário algumas denúncias meio perdidas, soltas... E nós ficamos observando, pra "ver no que vai dar".
2º Estágio - As notícias continuam e vão gradativamente ganhando intensidade. O sujeito ou sujeitos envolvidos começam a se agarrar nos seus cargos, dizendo que tem que apurar, mas que são inocentes e que não sabem, não viram e não conhecem nada e nem ninguém. Nesse momento, a gente começa a se indignar.
3º Estágio - A mídia vai apertando o cerco e começam a surgir os "lados da moeda", não me refiro a apenas os "dois lados da moeda" de propósito, pois no Brasil uma moeda pode ter mais de dois, já que a gente tem os que apóiam, os que são contra e os que vão esperar pra ver... Nossa indignação aumenta e começamos a dizer cheios de convicção que tudo isso é uma vergonha, que em Brasília ninguém presta mesmo e que não tem jeito, é só chegar no poder que as pessoas se deixam levar pelos conchavos, enfim "entram no jogo". É meio simplista esse raciocínio, mas é o que acontece.
4º Estágio - O sujeito ou sujeitos em questão se calam. Todo mundo fala. Quem é contra diz que tem que deixar o cargo, que é melhor para o país, para a instituição e até para quem está sendo acusado. Do outro lado, quem é do "time", diz que não há provas, que é injustiça, etc., etc., etc. Nossa indignação de 0 a 10, já está em 8 com picos de 9.
5º Estágio - Quem está na linha de tiro reage. Faz um discurso inflamado, que na maioria das vezes não diz coisa com coisa - ah! Esqueci de mencionar no estágio anterior o acusado dá sinais de que vai se render, mas fica só nos sinais - Voltando ao discurso, ele jura novamente que é inocente e reafirma: "Daqui não saio, daqui ninguém me tira". Nessa altura numa escala de 0 a 10, a indignação já está em 11.
6º Estágio - A coisa toda começa a arrefecer. As notícias vão aos poucos minguando, os processos se arquivando e nós nos esquecendo...
Muito bem, vocês hão de concordar, que em maior ou menor grau, com poucas variações, tudo se desenrola dessa maneira, não muda muito. O que tem que mudar, nesse processo todo, somos nós. O que precisamos é sair da indignação e partirmos para a ação. Não estou falando aqui de desordem, estou falando de consciência e conscientização. Explico: precisamos ter consciência da nossa responsabilidade de cidadãos quando formos exercer nosso direito sagrado - o voto - porém muitas vezes por nós mesmos sub valorizado, de eleger aqueles que irão nos representar em todas as instâncias da esfera política. Necessitamos fazê-lo com propriedade, procurando conhecer de fato quem é o candidato que irá receber nosso voto, qual o seu histórico, quais são suas propostas e seu passado político é coerente com o seu presente?
Por outro lado, temos o dever também de buscar a conscientização daqueles com os quais convivemos e que ainda não têm uma visão madura e responsável sobre o processo eleitoral e a importância de um gesto de poucos segundos à frente da urna, mas que pode custar anos, décadas de atraso e de muita indignação para todo país. Lembrando porém, que conscientizar não é doutrinar. Portanto, o papel de quem acompanha e se preocupa com os desacertos políticos do país, não é de convencer ninguém a votar nesse ou naquele candidato, nesse ou naquele partido, mas sim o de mostrar a necessidade de colher informações e formar um juízo de valor sobre quem será escolhido para ser votado.
Teremos a oportunidade de renovar dois terços do Senado ano que vem e 100% da Câmara dos Deputados e das Assembléias Legislativas, além de escolher quem irá comandar o país e os estados da federação. Portanto, está em nossas mãos escolher bem e sofrer menos daqui por diante.
Abraço!
Nenhum comentário:
Postar um comentário